Da informalidade de que se vêm revestindo estes seminários da Área de Formação d’Orfeu, resultou o mais válido debate de ideias em torno das ideias-base daquela relação artística.
Deram uma remada a este barco, José Filipe Pereira, director artístico do ACTO.Instituto de Arte Dramática, de Estarreja; José Rui Martins, do Trigo Limpo Teatro ACERT (Tondela), associação que, entre uma intensa actividade músico-teatral, concebeu o “Caramulo”, máquina de Peregrinação na Expo’98; maestro Virgílio Caseiro, director artístico do grupo Ars Musicae, teve a seu cargo a direcção de actores no TEUC (Coimbra); João Lázaro, encenador e director artístico do Te-ato (Leiria) e José Salgueiro, músico, baterista e mentor dos Tim Tim Por Tim Tum; tudo gente que tem um pé na Música, outro no Teatro.
Mais do que discutir as virtudes da miscigenação artística entre a música e o teatro, validou-se a indissociabilidade constituinte desta relação. Interessou menos saber se um espectáculo é mais musical ou mais teatral, mas sim se o seu resultado, no acto da fruição, é globalmente mais compensador para o público. O Teatro e a Música vivem hoje o dilema da compartimentação e da divisão institucional a que foram sujeitas pelas cátedras, pois ainda que conceptualmente estanques, as duas artes co-existem em cada espectáculo, seja ele rotulado de teatral ou musical. Não afirme um encenador que não há música no teatro, da mesma forma, que um músico, em palco, não rejeite a ideia que está a ser actor.
A discussão constituíu, na globalidade, uma oportunidade de promoção da questão cultural, tendo dela saído um conjunto de ideias pertinentes seja junto do público anónimo e participativo, bem como do mais alto poder institucional, ambos representados na tarde de domingo 3 de Janeiro de 1999, na Fundação Dionísio Pinheiro, em Águeda.