O ano cultural d’Orfeu 2004 viu no prolongamento do Mestiçal Peninsular nos últimos meses do ano (após a programação concentrada de Julho), a oportunidade de maior proximidade com o público regional e o retomar de uma agenda regular de concertos, facto que não se via em Águeda desde o ano mágico de 2002 (em que se programaram a Cimeira do Fole e o Festival O Gesto Orelhudo). Este nono ano de actividade da d’Orfeu representou mesmo o final de uma certa travessia que durou cerca de um ano e meio, um período em que a Associação se optimizou internamente, consolidou estrutura, preparou caminho e, assumindo a sua vertente criativa, rodou mais que nunca com os seus espectáculos pelo país e estrangeiro. E esta retoma gradual de programação local veio assim cumprir, no decorrer deste ano de 2004, o lançamento consistente de todas as frentes de oferta cultural que identificam a d’Orfeu de hoje.
Num retrospectiva pelo evento forte de 2004, o Mestiçal Peninsular - evento que proporcionou 10 (dez) concertos ibéricos ao ano cultural de Águeda e mais algumas extensões em freguesias e concelhos vizinhos -, vimos serem realizados ainda uma série de encontros e ateliers dedicados aos instrumentos tradicionais (a txalaparta, a guitarra flamenca, a guitarra portuguesa, a sanfona ou as panderetas galegas – estas com a visita das galegas do Conservatorio Folque de Lalin à d’Orfeu agora em Dezembro, na sequência da visita dos aguedenses em Abril passado), para além do Seminário que já abrira a temática no início do ano. Foi toda uma península redescoberta em Águeda.
Ano fora ainda: abre o Ciclo da Voz em Janeiro no alpendre do bard’O; faz-se a Ponte d’Orfeu-Québec com Luís Fernandes em Montréal desde Março e “La Bottine Souriante” em Águeda na volta; dedilham os instrumentos do Brasil na conferência de Lia Marchi em Maio; enche em Julho o quintal de jovens artistas brasileiros, equatorianos, espanhóis e portugueses num d’Orfusão Latino; aquece a última estação com o OuTonalidades de dimensão regional.
Pela estrada rodaram em 2004, o espectáculo “Emboscadas” – o grande tributo que Águeda conheceu já em Dezembro depois de digressão nacional -; “Toques do Caramulo” – o espectáculo de folk serrano do ano, com uma agenda invejável de concertos e que acaba de ser finalista do Arribas Folk -; o “Monólogo a Duas Vozes” – criação orginal que germinou e está já a chegar a palcos importantes -; o “PõePlay” – animação camaleónica de músicas do mundo para todos os ambientes; e outros espectáculos e animações em outras tantas ocasiões – em Dezembro acudiu-se à Catraia, Sangalhos, Aveiro e Águeda.
E foi ver jovens de uma d’Orfeu desassente em Madrid, Tunis, Paris, Pracatinat, Estrasburgo, Marrakech, Altamura, Wroclaw, Mauren, Sarajevo, Tárrega, Insbruck, Kranjska Gora, Tel Aviv e Praga, tudo num 2004 de forte mobilidade internacional.
A formação permanente com o Curso Tocata e a novidade do Curso Mensal de Concertina mantiveram a sua missão pedagógica a partir do Espaço d’Orfeu, onde também os campos de férias artísticas foram terapia. Fora de portas, foi decisiva a formação a tocatas de grupos folclóricos de vários concelhos, para além da parceria de animação artística com a Cerciag.
Ano após ano – e 2004 faz somar pontos – criam-se novas fidelidades com Mecenas, multiplicam-se adesões de Amigos, cimentam-se parcerias com instituições, protocolam-se sonhos com organismos oficiais, renovam-se práticas solidárias de fazer cultura colectiva e eis-nos chegados a um ponto em que há música por todos os lados. Menos por um.
Venha daí 2005, o ano dos 10 anos!
Tudo a postos.