Senhoras e senhores, correu o pano sobre o Gesto Orelhudo 2005!
De 28 de Outubro a cinco de Novembro, a partir de Águeda, a d'Orfeu comandou os serões culturais de um público regional, fiel às iniciativas desta Associação.
Se soubesse, usava todas as linguagens que subiram ao palco de Recardães ou da tenda no espaço d'Orfeu. Traduzia o texto para música, corpo, poesia, luz, movimento, riso, inglês, galego, italiano, e entremeava-o de som, silêncio e aplauso e até de vontade de mais Gestos Orelhudos a aquecerem noites de outonos.
Corrido o pano, restam as últimas impressões do público, que se vai ficando pelo espaço d'Orfeu, a fazer desta vivência colectiva um elo em tempo de espera. Há os músicos que ainda arregalam os ouvidos com as baterias matemáticas do Tim Tim por Tim Tum, os inocentes a cabriolarem de memória os circenses britânicos Chipolatas, os clássicos amantes da música erudita e da poesia universal do Teatro Instável de André Gago e Nicholas McNair, os doidos varridos pela criatividade da italiana Laura Kibel, da sua Traviata, dos pássaros cantantes e do seu corpo travestido, os cem por cento latinos agarrados pelo riso e escárnio do trio ítalo-galego Ruso Negro, os que partiram o coco a rir com os australianos The Von Trolley Quartet, os que aplaudem sempre Camilo, em livro, em marionetes, em todos os suportes artísticos, os que secretamente imitam o malabarismo dos pés do ArTango, tão ardentemente portenho, os filhos ingovernáveis da Mamã Lusitânia do Trigo Limpo teatro Acert e da Ibéria do Teatro Peripécia, tão maledicentemente nossos, os que se deram conta que as cordas australianas do Quartetto Euphoria também falam muito riso. Há ainda os que criticam, os que sugerem, os que mudariam, os que fariam melhor. Ainda bem que contribuímos. A Associação escuta e agradece.
Sobra-nos tempo para felicitar a d'Orfeu a escassos dias do seu décimo aniversário. Olhamos os programadores, os directores, os sonhadores, todos os artistas desta paradoxal associação, tão pequena e tão grande, tão reconhecida e tão esquecida, tão rica e tão despojada. São eles que partem à descoberta de novas formas de arte de palco e as descortinam magicamente nestas noites da diferença.
São dez anos que se vão tatuando na pele destes jovens que se recusam a um alinhamento comercial ditado pela cultura dominante e lutam pelo direito às suas próprias escolhas. O público já entendeu e aplaude este festival que continua a enraizar-se no nosso imaginário.
Dez anos, senhoras e senhores. Que o pano volte a abrir-se no Gesto Orelhudo 2006! Que a d'Orfeu continue a carimbar culturalmente a região!
De 28 de Outubro a cinco de Novembro, a partir de Águeda, a d'Orfeu comandou os serões culturais de um público regional, fiel às iniciativas desta Associação.
Se soubesse, usava todas as linguagens que subiram ao palco de Recardães ou da tenda no espaço d'Orfeu. Traduzia o texto para música, corpo, poesia, luz, movimento, riso, inglês, galego, italiano, e entremeava-o de som, silêncio e aplauso e até de vontade de mais Gestos Orelhudos a aquecerem noites de outonos.
Corrido o pano, restam as últimas impressões do público, que se vai ficando pelo espaço d'Orfeu, a fazer desta vivência colectiva um elo em tempo de espera. Há os músicos que ainda arregalam os ouvidos com as baterias matemáticas do Tim Tim por Tim Tum, os inocentes a cabriolarem de memória os circenses britânicos Chipolatas, os clássicos amantes da música erudita e da poesia universal do Teatro Instável de André Gago e Nicholas McNair, os doidos varridos pela criatividade da italiana Laura Kibel, da sua Traviata, dos pássaros cantantes e do seu corpo travestido, os cem por cento latinos agarrados pelo riso e escárnio do trio ítalo-galego Ruso Negro, os que partiram o coco a rir com os australianos The Von Trolley Quartet, os que aplaudem sempre Camilo, em livro, em marionetes, em todos os suportes artísticos, os que secretamente imitam o malabarismo dos pés do ArTango, tão ardentemente portenho, os filhos ingovernáveis da Mamã Lusitânia do Trigo Limpo teatro Acert e da Ibéria do Teatro Peripécia, tão maledicentemente nossos, os que se deram conta que as cordas australianas do Quartetto Euphoria também falam muito riso. Há ainda os que criticam, os que sugerem, os que mudariam, os que fariam melhor. Ainda bem que contribuímos. A Associação escuta e agradece.
Sobra-nos tempo para felicitar a d'Orfeu a escassos dias do seu décimo aniversário. Olhamos os programadores, os directores, os sonhadores, todos os artistas desta paradoxal associação, tão pequena e tão grande, tão reconhecida e tão esquecida, tão rica e tão despojada. São eles que partem à descoberta de novas formas de arte de palco e as descortinam magicamente nestas noites da diferença.
São dez anos que se vão tatuando na pele destes jovens que se recusam a um alinhamento comercial ditado pela cultura dominante e lutam pelo direito às suas próprias escolhas. O público já entendeu e aplaude este festival que continua a enraizar-se no nosso imaginário.
Dez anos, senhoras e senhores. Que o pano volte a abrir-se no Gesto Orelhudo 2006! Que a d'Orfeu continue a carimbar culturalmente a região!
Odete Ferreira