O "Abbey Park Show Festival" decorreu ontem, todo o sábado, no maior parque de Leicester. Este festival anual junta num só dia para cima de 30.000 pessoas e , entre eles, lá estivemos portugueses, estónios e belgas, a viver de perto um ambiente mais próprio de woodstock. Para além da animação de 5 palcos com o que de melhor existe na pop britânica, de milhentas diversões como na festa das Almas da Areosa mas muito maior e, a cada metro, uma roulotte de hambúrguer e batatas fritas, coube a Leicester um dia de sol escaldante. Em Portugal não estaria tão quente. A quase "desinteria" colectiva dos "fast foods" acumulados, mas os caminhos de ida e volta para o Abbet Park (uma hora a pé para cada lado) deixou KO toda a população da Youth House. Já "em casa", ao serão, houve mãos arduamente disputadas, reconhecidas pelos poderes das suas massagens. Costas recuperadas de sestas na relva, a noite segui, como se nada tivesse acontecido.
Portugueses e companhia voltaram a marcar a noite de Leicester.
Os dias de Leicester, para nós nada dependem do cinzento do tempo que faz (que até nem é tanto como se pinta). Mike e a sua equipa sonharam com a Youth House e aqui nos têm, a nós portugueses, aos belgas (os mais próximos do sentir latino) e aos estónios (esbeltas e bárbaros), tal como têm, todo o ano, a companhia de dezenas de comitivas de jovens oriundos de todo os estados membros da UE, ao abrigo deste ou daquele programa, no âmbito deste ou daquele intercâmbio. Tudo acontece na Youth House. É da Youth House que envio esta crónica. O tempo dos dias, perdemos-lhe sempre a conta, entre as incontáveis actividades Em inglês se fala! Invariavelmente, os instrumentos saem do saco e há por aqui música como nunca se ouviu. para Águeda levaremos um sonho mais. Daqueles que nos habituámos já a pensar que se concretizam. Vem cá, Europa!
Da Youth House, já sabemos, um complexo moderno construído há dois anos, cuja missão primeira é continuamente receber jovens da UE e desenvolver projectos multi-nacionais na área da música com a intervenção das novas tecnologias. Paredes meias com o corredor dos alojamentos, um senhor estúdio de gravação. Ao que se vai sabendo, aqui gravaram já algumas bandas pop-rock portuguesas. Aliás, é bem visível por toda a Youth House, a omnipresença portuguesa, num enorme poster do Festival Mundial da Juventude 98 em Lisboa e em inúmeras fotos expostas de gente que dizem ser portugueses, ora posados por estas bandas, ora com a presença destes ingleses em Évora, no Pinhal Novo ou em Lisboa.
O que eles gostam de portugueses confirmou-e-me mquando perguntei ao Mike, entre copos no Shed Club, porquê o convite aos portuguesas. O Paulo Brites estivera aqui em Novembro, com vinte representantes de outros países. Deste leque saíram convites para a Grécia (que não veio), Estónia, Bélgica e Portugal, para trazerem, agora sim, uma comitiva alargada e, sob o signo da música, concretizarem um projecto multi-nacional. Mike não precisava ter respondido, apesar de o ter feito (eu é que não pesquei tudo o que ele disse): apontou, com um sorriso encantado, para o Joca e para o Bruno que, a essa hora tocavam com o "one man show" contratado pela casa. Ainda assim, apanhei-lhe um sentido "I like the portuguese people". Essa noite no Shed (quinta-feira passada) foi de arromba, com todos os nove portugueses a brilhar. AO ponto de Mr. Rodrigo, professor catedrático da Universidade de Leicester e assiduo cliente do Club, reclamar ter sido a sua melhor noite no Shed, o que exprimiu em português quase correcto.
Excepção feita a essa noite no Shed (cujas torneiras fecharam tradissimo, vá-se lá saber porquês), todas as noites vemos os bares fecharem o balcão às onze da noite. Ao fim-de-semana, fecham especialmente tarde...às onze e vinte. Mesquinhos estes ingleses. O que não nos tem impedido de prolongar a "paraa"poeruguesa, Youyh House adentro, com serenatas toda a noite, batendo todo o sector feminino, porta sim porta sim. Ao fim destes cinco dias, este tipo de movimentação é já ritual e tem cada vez mais aderentes. Até à data, também já os belgas partilham os mesmos acordes e o mesmo sentido estratégico, com Vito, um filho de emigrantes italianos na Bélgica - à cabeça.
Quando está tudo acordado, vamos para a porta da Youth House, tocar para o quente destas noites de Leicester. A cidade não está em polvorosa, mas sente-se aqui e ali o reboliço satisfeito de gente de Águeda na rua.