Cadeiras, pelo Trigo Limpo Teatro ACERT

Uma visão satirizada da história mais recente de Portugal. Um grupo de "gaiatos" jovens exorciza as histórias dessa história, fazendo desfilar no palco interpretações e/ou representações de alguns dos seus personagens. Cada um com a sua cadeira, o seu poder. Brin-cadeiras ao poder.
Partindo dos textos de António Lobo Antunes, o espectáculo recria os nossos regimes, a nossa guerra, a nossa revolução, ouvindo de cada cadeira a sua sentença. Num jogo de poderes, como no jogo da cadeira.
"Cadeiras" reinventa um pequeno mundo, um teatrinho de cadeiras dentro de um cenário construído com cadeiras reais, de tamanhos diferentes. Cadeiras de várias dimensões, que se usam, se transformam noutros objectos conforme o momento, a necessidade e a imaginação, que são grandes ou pequenas na razão inversa do nosso tamanho e que lembram um pouco aqueles sapatos com que as crianças formam os comboios que viajam para cidade e paisagens imaginadas, é uma das coisas mais belas e conseguidas do espectáculo, como o é a música, a inteligência posta na iluminação, as sugestões que os figurinos e objectos (veja-se o uso quase perverso dos telefones que aqui servem principalmente para não comunicar...) deixam, e o valor que assumem na inteligência do todo, são sempre achados magníficos que enriquecem o trabalho.
"Cadeiras" é mais um espectáculo que visa dar continuidade ao processo de criação cultural ousado de que o Trigo Limpo teatro ACERT é exímio intérprete.